Gestão total: o Síndico sob controle

Cobrar as contribuições dos condôminos, selecionar colaboradores e entregar declarações fiscais: esses são algumas das funções do Síndico que podem ser realizadas pelas chamadas administradoras, que oferecem serviços de auxílio na gestão de condomínios. É comum que Síndicos, principalmente em grande cidades, estabeleçam uma parceria com esses negócios. Existe até a crença de que todo condomínio é obrigado a manter vínculo com uma auxiliadora, o que não é verdade. Nesse sentido, uma tendência que tem sido observada é a chamada gestão total, quando o próprio Síndico oferece muitos dos serviços tradicionalmente relacionados a uma auxiliar de administração. Como você já deve imaginar, a opção por esse formato de trabalho não é ideal para todo tipo de condomínio. Então eu convido você a conhecer mais sobre a gestão total e descobrir se ela faz sentido para o contexto dos condomínios onde atua.

O auxílio necessário ao Síndico

O trabalho das auxiliares de administração, ou administradoras, vem para atender às inúmeras necessidades dos Síndicos, necessidades essas que sempre existiram. E na ausência de um contrato com auxiliar de administração, existem outros caminhos que Síndicos podem seguir com o intuito de cumprirem as obrigações da função. Contadores, advogados e recrutadores são exemplos de profissionais que oferecem serviços valiosos à gestão condominial. Ou seja, um Síndico não precisa necessariamente de uma auxiliar de administração para gerir um condomínio. Ele pode se associar somente a um contador para ajudá-lo com aquilo que ele tem mais dificuldade, por exemplo. E nesse sentido, o mercado oferece soluções digitais que vão desde o apoio para manter o patrimônio da comunidade seguro até o auxílio na gestão financeira.

Existem condomínios que vão fundo nessa ideia, sem se associar a nenhum tipo de solução condominial e entregando tudo nas mãos do Síndico. Dependendo do contexto do condomínio em questão, esse modelo pode funcionar. Mas é preciso atenção, uma vez que a falta de um apoio ao Síndico na gestão pode resultar em menos organização para o Síndico, o que vai impactar no resultado que ele entrega para a comunidade. No final das contas, cabe ao condomínio buscar aquilo que faz mais sentido para os condôminos e ao Síndico buscar o auxílio que necessita para entregar a gestão que a comunidade merece.

A experiência de uma Síndica com a gestão total

A Síndica Certificada Ezequiela Lunkes promove a gestão total em dois condomínios, além de oferecer serviços de auxílio à administração de outros quatro. Ela optou por essa configuração ao notar a carência existente em Marau, interior do Rio Grande do Sul, onde atua. Lá, segundo ela, “falta muita orientação ao Síndico, aos condôminos, aquela orientação sobre o que o Síndico precisa fazer, quais são as suas responsabilidades, uma ajuda nessa luta diária que é gerir um condomínio”. Financeiramente, Ezequiela optou por esse modelo de trabalho também pela rentabilidade, uma vez as oportunidades de trabalho para Síndicos Profissionais lá existentes não seriam suficientes para sua manutenção no mercado.

Nesse sentido, Ezequiela oferece aos condomínios onde atua uma reestruturação que começa com uma vistoria, a partir da qual surge um plano de ação, que inclui a regularização da comunidade, a conscientização dos moradores e o contato com eles, para citar algumas iniciativas. Trabalhando com gestão total, ela destaca como principal dificuldade a conquista da confiança da comunidade. Mas o resultado que ela vem colhendo parece demonstrar a satisfação dos clientes com seu trabalho. São moradores que já notaram a diferença entre os serviços que a Síndica oferece em comparação com as outras administradoras da cidade. Assim, a Síndica Certificada procura cultivar aquilo que sente falta: uma cultura de valorização do Síndico.  

Passado, presente e futuro das administradoras

Empresas familiares, com bastante tempo de atuação no mercado: esse é o cenário das auxiliares de administração pelo Brasil a fora. Dênia Corrêa, diretora da Gestão Assistida na TownSq, conhece bem esse mercado e foi testemunha da mudança que vem acontecendo naquele ambiente. Estabelecimentos tradicionais, que segundo ela ajudaram no desenvolvimento do mercado, passaram a oferecer um atendimento via plataformas digitais, porém sem entregar os benefícios que a tecnologia possibilita, como a agilidade. Práticas antigas como a conta pool, onde os recursos de diferentes condomínios são acumulados na mesma conta bancária, continuam existindo. São negócios “digitalizados”, mas não “digitais”, segundo Dênia, que alerta para insustentabilidade de modelos que pecam pela transparência.

E já existem soluções que procuram entregar serviços tradicionalmente associadas às auxiliares de administração, com os benefícios da tecnologia. O segredo para os negócios que pretendem atuar nesse novo cenário, segundo Dênia, é “ser especialista em alguma coisa e apostar em parcerias”. Nesse sentido, o segmento que mais tem se desenvolvido no ambiente digital são as soluções financeiras para condomínios. Serviços como pagamento e recebimento de contas, geração do balancete, obrigações fiscais, declarações contábeis, seguros e outros são oferecidos de maneira digital. Profissionais liberais, como contadores, oferecem serviços como o auxílio nas declarações fiscais. Ou seja, o Síndico tem a sua disposição opções de apoio à gestão para encaixar na realidade do condomínio sob sua responsabilidade.

E você? Promove uma gestão total no(s) seu(s) condomínio(s)? Compartilhe a sua experiência comentando abaixo.